sexta-feira, 8 de julho de 2011

RAP - HIP HOP - REPORTAGEM ESPECIAL - REVISTA DO BRASIL OUTRUBRO/2010

"Na periferia, na origem do hip hop, é onde temos de estar com o amálgama preparado. Nós somos música para transformar a sociedade, a comunidade" diz GOG rapper de Brasília
Foto: Paulo Pepe


Com as mudanças na TV Cultura, o programa semanal Manos e Minas, voltado para a cultura hip hop, foi cancelado no início de agosto (2010), junto com outros da grade da programação. A medida provocou uma reação em massa de pessoas envolvidas com o movimento e apoiadores por meio de blogs e redes sociais, audiências e atos político-culturais. A direção da emissora acabou recuando, e o programa reestreia em outubro. As mudanças no mercado e no mundo da música, e até mesmo a relação com a mídia, são temas recorrentes que sempre mexem no jeito de escrever, divulgar, produzir e pensar o rap nacional. Desde o tempo da São Bento, o largo que virou palco do hip hop no centro da capital paulista, até a incursão em boates, casas de shows e programas de TV, muita coisa aconteceu. Mas datar historicamente o início do rap no Brasil é tarefa imprecisa. Cada região tem seus protagonistas. Antes de se definir como hip hop brasileiro, as tendências do rap norte-americano influenciavam alguns artistas. Por exemplo, o apresentador de TV Carlos Miele gravou em 1979 o Melô do Tagarela, sampleando a música Rapper’s Delight, do Sugarhill Gang.
 
Respeito: Para Rapadura, do Ceará, seria um avanço
se cada estado tivesse o rap com sua raiz e sotaque:
"Só assim aprenderíamos a nos respeitar
e nos entender melhor".
Foto: Rodrigo Queiroz
E a música de Jair Rodrigues, Deixa isso prá lá, de 1964, já não tem uma pegada assim, meio rap? Para o brasiliense GOG (de Genival Oliveira Gonçalves), mais importante que identificar uma data do nascimento do hip hop é ter a noção histórica de que essa cultura é uma evolução do pensamento social e da urbanidade da música. “Augusto dos Anjos, muito antes da gente, já escrevia hip hop. Solano e Raquel Trindade, Bob Mar-ley... Como fala o Edi Rock, ‘a música negra é uma grande árvore com várias raízes’. Então, se nasce da mesma raiz e tá no mesmo pé, é parte do mesmo corpo, da mesma árvore.” No início, as referências eram todas internacionais e falava-se de festas, mulheres, diversão. Algumas músicas já abordavam temas sociais, como o Rap da Abolição, do grupo Os Metralhas, de 1988. Mas foi somente mais tarde que o rap foi fortemente caracterizado como música de protesto. Pepeu e MC Mike, que gravaram o rap Bastião, em 1986, Dj Ninja e MC Jack, General D., Black Juniors e outros grupos passaram a agregar mais pessoas nos famosos bailes organizados por equipes de som. Foi quando surgiu o rap Bastião, de NdeeNaldinho, hoje com 41 anos. Ele se identificou com a cultura e, ao gravar o Melô da Lagartixa, inseriu-se no processo embrionário do rap nacional. Sua primeira música foi lançada na coletânea Som das Ruas, de 1988, mesmo ano em que saiu o álbum Hip Hop – Cultura de Rua, com músicas de Thaíde e Dj Hum, Código 13 e outros. “A gente fazia rap naquele tempo pra dançar. Foi depois que o rap pegou sua caminhada de revolucionar, fazer as cobranças, defender o povo...”, diz Naldinho, que na época ainda era NdeeRap. “Não tinha nenhuma outra música no país que tivesse essa postura, mas isso não quer dizer que a gente não possa falar de amor, de alegria.” Edi Rock, do Racionais MC’s, lembra: “Só depois foi que o rap ficou mais sério, sócio-político. Foi uma fase de mudança muito importante. Autoafirmação, negritude, liberdade de expressão...”. Ele tinha apenas 19 anos em 1989, quando, junto com Mano Brown, KL Jay e Ice Blue, formava um dos grupos de maior referência do Brasil...

VEJA TODO O CONTEÚDO DA REPORTAGEM ESPECIAL NO LINK ABAIXO, VALE MUITO A PENA. A PARTIR DA PÁGINA 42. TEM COMO BAIXAR O PDF.

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