segunda-feira, 16 de maio de 2011

Frejat e Dado Villa Lobos

As novas mídias sociais, as ferramentas virtuais e a interatividade proporcionada pelas internet 2.0 representaram uma revolução na forma de produção de novas bandas e também na relação de jovens músicos e aqueles que já estão na estrada há mais tempo com seu público. Representantes da geração anterior, Roberto Frejat e Dado Villa Lobos mostraram em entrevista ao portal Barulho Cultural que estão antenados a essas transformações. Para Frejat, as novas mídias possibilitam uma maior rapidez na interatividade da relação artista/público, mas considera os sites algo mais centralizador, pois são neles que se encontra as principais referências dos músicos. Já para Dado, esse é um processo irreversível e só resta aos artistas se modelarem ao novo cenário.
Acompanhe abaixo o resultado desse bate-papo descontraído na Capital Federal.
Barulho Cultural – Como é sua relação com as redes sociais?
Frejat – Atualmente na minha carreira dou uma atenção maior às redes sociais. É uma maneira muito forte de divulgar o nosso trabalho. Antigamente não tinha essa resposta rápida. Eu ainda acho que o site é um grande ponto centralizador de tudo isso. O meu está sendo reformulado agora e vai voltar com uma nova dinâmica. Pois é um grande canal de referência do artista. É lá que é possível buscar toda biografia e discografia do artista.
Barulho Cultural – Como as novas mídias alteraram a relação artista e seu público?
Frejat – Ela acontece de várias maneiras. Você tem um contato com eles mais próximos dos shows. Eu acho que tem o contato através das Redes Sociais. Agora, eu acho o seguinte, o artista tem uma relação com o público dele, de artista público. Artista que vira amigo do público. Acho que isso é pura ficção. Porque não é assim, eu acho que a relação entre você ouvir uma música e você conhecer a pessoa diretamente. Ela pode misturar e não necessariamente ser positiva. Eu acho que você tem pensar que o artista, que ele é uma figura diferente da pessoa que ele é como pessoa. São duas personalidades, não é uma antítese um do outro. Mas duas pessoas diferentes.
Uma coisa é você está aqui comigo conversando na rua, e a gente pode falar de futebol, mulher, de política e outra coisa eu estar cantando uma música e você ter uma relação minha música, com meu trabalho ou com os shows, são coisa diferentes. Esse tipo de coisa é importante que as pessoas tenham, então fica essa aproximação muito grande que as Redes Sociais trazem, às vezes ela borram um pouco essa relação. O conceito artístico que é motivo de tudo isso estar acontecendo e é isso que não me deixo de afastar. Quando fica uma coisa muito pessoal, muito celebridade, estou fora, pois isso não me agrada.
Barulho Cultural – De que forma você utiliza as redes sociais?
Frejat – Eu tenho pessoas que atualizam isso para mim, são pessoas muitos bacanas, que já sabem como penso, então não ligará meu perfil há algo que não concordo, que não tenha nada a ver comigo. É lógico que quando as perguntas são muito pessoais, pessoais no sentido de que só eu posso responder e que tenha a ver com o universo artístico, eles me encaminham e eu respondo.
Barulho Cultural – Como você analisa a inserção desses espaços na divulgação de novas bandas?
Frejat – Esse espaço é variável. Hoje, na verdade todos nós somos independentes, pois as gravadoras perderam sua força e a grande mídia oferece pouco espaço, é muita competição. È claro que algumas pessoas já tem uma trajetória maior e isso acaba proporcionando uma maior visibilidade. Mas o cenário atual obriga termos vários canais de divulgação, pois é cada vez menor o espaço e maior a competitividade, nesse aspecto estamos no mesmo barco. Claro que falamos de um cenário em que as pessoas tem excesso de informação e dentro disso fica difícil saber o que é o que. Mas acredito que isso é um processo de adequação, é tudo muito novo.
Dado Villa Lobos – Essas novas mídias sociais representam um boom de informação, é muita coisa que é divulgada, que estamos em contato, é tudo muito rápido e muito caótico também, mas é certo que se trata de um processo irreversível, os cantores e bandas dessa época só resta se adaptar. Não adianta tentar remar contra a maré.
Barulho Cultural – Para finalizar, vocês não acham que essas novas mídias é uma via de mão-dupla, pois se ajuda a divulgar, também fomenta a aparição de muito lixo?
Frejat – Sim, e até com mais liberdade do que em outros momentos, pois existe mais potencial para isso. Mas citarei uma frase de Keith Richards do Rolling Stones que li no final dos anos 70. Ele dizia que em todas as épocas, somente 5% do que é produzido merece ser lembrado. É claro que hoje, a produção e a divulgação é bem maior, então esses 95% é bem maior. Então, fiquemos tranqüilo, daremos atenção aos 5% como sempre demos e esqueçamos esses 95% como sempre foi esquecido.
Dado Villa Lobos – Volto a repetir é um processo irreversível. A quantidade de coisas que são produzidas é enorme. O que falta nesse processo são os filtros, mas eles pouco a pouco estão se formando, a circulação de informação é muito rápida, então opiniões que circulam nessas redes também circulam muito rápido e vão dizendo o que vale a pena conferir e o que é melhor descartar.

Crédito: Marcelo Lucena e Marcos Agostinho

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